Marília Mendonça: sim, a gente vai sofrer

Carta aberta à Marília Mendonça

Marília, entenda, vamos negar a sua partida o quanto pudermos.

Você é chegada. Você é chegada no portão, no palco, no estrelato. Nasceu e morreu sendo estrela.

Seu legado sempre seguirá vivo, vivíssimo. Você fez história na música, você escreveu a história. Você cantou a história. Você fez as pessoas apertarem o play mais de 400 milhões de vezes. Tem ideia do que construiu? E do quanto se reconstruiu aos olhos do público?

Marília, você é luz. Nos ensinou a amar o sertanejo, a amar sofrer e a amar as mulheres que cantam sertanejo. Misturava vida real, inspiração, dor, dinamismo e sensibilidade e envelopava em tópicos com melodia. Marília, você é um gênio e gênios não morrem, eles descansam.

Marília, você transformou. A música, o gênero, o mercado, a marca pessoal, a transformação digital. Dizer que estava sempre na frente do seu tempo é clichê. Mas esse texto é clichê, o que não desabona toda a sua verdade. Marília, você empolgou, emplacou, perguntou, emocionou. E quem emociona não morre, se transforma em nostalgia.

Marília, hoje o Brasil chora com a sua partida, logo você que cantava “preocupa não, que eu não vou bater no seu portão”. A gente se preocupa, sim. Queríamos ouvir mais disso. Queríamos ter vivido mais disso. E agora estamos sendo obrigados a trocar de calçada. E não vai adiantar, porque não nos encontraremos mais fisicamente.

Mas é por isso que eu amo a arte. A sua arte. Música não morre. Nem aviões nem doenças podem matar a música. E a música é o seu negócio, é o seu legado, é a sua vida. Me recuso a usar outro tempo verbal. É.

Se música não morre, você também não. Hoje perdemos todos nós. E nem precisa amar sertanejo pra sentir a perda. Basta ser humano. Preocupa, sim.

Meus sentimentos a toda a família e fãs. Marília, muitas mulheres do sertanejo só são porque você foi. E é. Te amamos!

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