Namorados Reserva: marca aborda etarismo no dia dos namorados

Publicidade e amor, para funcionar, devem ser simples. Ao meu ver, a genialidade para comunicar e a beleza do amor residem na ausência de complexidade, no acessível, na sensibilidade, na leveza de uma pluma que carrega força de um trator. Assim é uma boa campanha e assim é um bom amor. Reserva fez, neste dia dos namorados, um gol de placa. Gol de pele. Impossível não se emocionar. Impossível não refletir.

Essa campanha, no meu entendimento, direcionou solteiros e enamorados para uma única visão: pessoas envelhecem, o amar não, o amor não. Assim como a boa publicidade. Acho lindo publicitário que cria campanha para ganhar o mundo e ganhar prêmio, mas acredito que vivemos na era em que conseguir envolver as pessoas é o melhor troféu que se pode receber. E esse troféu chegou lindamente para a marca, em uma campanha compartilhada à exaustão, uma campanha que faz pensar, desejar, que constrange pela simples ousadia de colocar em estúdio 90 anos a mais do que estamos acostumados a consumir.

Mas a verdade é que, me desculpe Cazuza, para quem ama, o tempo para. Amar envelopa o tempo, imobiliza – ainda que os corpos e as marcas do próprio passar dos anos insistam no contrário, o amor ilustrado na campanha é aquele que claramente não passa, não envelhece junto com a pele. É aquele que claramente – e, vai, silenciosamente, a gente deseja. Porque a boa publicidade faz exatamente isso, ela nos coloca de frente para os nossos desejos mais íntimos e profundos, como são o conceito e o visual dessa campanha. Tão simples que chega a ser bobo, e tão bobo que só pode ser amor, só pode ser genialidade para se comunicar.

A campanha, por si, é simples. Briefing: casal troca carícias em estúdio. Simples, fácil, barato, quase clichê. Pegue isso e adicione um casal que beire os 150 anos de idade, adicione peças que instantaneamente remetem ao íntimo e coloque uma boa iluminação misturada com direção de poses – tudo isso misturado por mãos competentes. Está aí uma publicidade simples. E eu garanto pra vocês: publicidade que funciona é simples. Amor também. Sim, a vida imita a arte. E a arte imita a vida.

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