No Unboxing, nem o nome é brasileiro

OPINATIVO: a blogosfera deveria valorizar mais o que é brasileiro.

Quantos “unboxings” de marcas internacionais você viu nos últimos dias? Os maiores influenciadores do Brasil abriram caixas Valentino, Prada, Dior, LV e de outras marcas internacionais e o movimento, dessa vez tão massificado, me faz pensar porque há tanta generosidade com marcas de fora e tão menos com as marcas nacionais.

Como uma pessoa do mercado, entendo que influenciadores vivam da sua audiência e por consequência da publicidade, mas há de questionarmos os motivos pelos quais parece haver mais prazer em exibir uma caixa laranja do que o privilégio de transformar o rumo de uma marca nacional de uma empreendedora comum. Sim, é esse o poder de um post de um influenciador.

É óbvio que compartilhar marcas internacionais ajuda a reforçar o branding pessoal, desperta mais desejo pelo lifestyle, faz com que inconscientemente o público associe o influenciador ao luxo e têm muitos outros fatores associados.

Mas não há fator que justifique a ausência de generosidade com marcas brasileiras. Salvo um nome ou outro, de uma marca ou outra, vemos que as inserções espontâneas – ainda que lideradas por presentes de artigos de alto luxo e valor agregado – são muito mais recorrentes com nomes internacionais.

Me pergunto o que falta para que as empresas brasileiras consigam ter mais reciprocidade dos seus contratados – será o envelopamento? A falta de networking do time interno? A ideia de que tudo deve ser absolutamente monetizado? Precisamos falar mais sobre empreendedoras que fazem sim a economia girar e mereceriam conseguir espaços – ainda que absolutamente pontuais – em grandes veículos pessoais.

Ninguém tem obrigação de nada. Marcas internacionais também contratam publicidade. É legítimo querer se associar aos players do exterior. Mas esse post é um convite para que os principais comunicadores do país consigam aproveitar que já construíram audiência e patrimônio para ajudarem a transformar a vida de marcas e pessoas que estão trabalhando duramente para chegar lá – e os prestigiam, consumindo os seus conteúdos, há anos.

Por menos unboxing e mais “abrindo as caixas.”

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