Seleção brasileira: o meu amor não será passageiro

Amar a seleção brasileira com o peito cheio pra comemorar o penta, é fácil, difícil mesmo é ver a seleção perder e seguir amando. Porque se você só ama na conquista você não ama, no máximo se alegra. O amor segura a barra, segura a onda, ajuda a engolir o choro e olhar pra frente. Eu amo a seleção brasileira e esse amor não será passageiro.
Acredito que o esporte nos emociona tanto porque seu mecanismo parece com a nossa própria vida: exige dedicação, disciplina, não traz garantias, você pode ser bom e perder, ruim e ganhar, certamente se deparará com eventos extraordinários e os ordinários, mas no fim do dia, no campo, no Qatar, na Granja, em Paris..O que fica é a lição de que seguir em frente é preciso, avançar é necessário. A gente tem que trabalhar todo dia essa capacidade de levantar a cabeça, adestrar o coração e usar a derrota como lição. A verdade é que todo mundo quer ganhar, mas a derrota bem aproveitada pode se tornar gigante. Ou a gente ganha ou a gente aprende. Isso vale para eventos e pessoas.
Aprendemos.
Nada pode parar uma seleção e uma pessoa resiliente e ser resiliente não é sobre sempre ficar distante da derrota, é ser fechado com a superação, com a lealdade, com o entusiasmo, é sobre levantar a bandeira de que a vida sempre continua. Outras copas virão, outras cobranças virão, outras taças virão, e especialmente outra chance de ser feliz com a seleção virá. A beleza da vida é a flutuação, e mais ainda a chance de recomeçar.
Ganhar é indiscutivelmente melhor do que perder. Ninguém quer perder. Machuca. Mas esse é o preço que se paga pela paixão, por aproveitar tudo de bom que o futebol nos proporciona, é o preço de tentar entrar pra história. Estamos derrotados, não somos derrotados, e isso é um mantra que precisa ir além do esporte, é pra ser fio condutor das nossas vidas.
Uma derrota não é uma sentença. Estar não significa ser. E que bom que “estar”, esse sim, é passageiro, é lugar de trânsito, logo fica para trás. Não temos hexa, é verdade, mas também não estamos resilientes. Nós somos.
Que venha uma nova Copa. Um novo dia. E até um novo dissabor. Isso é viver.