Ser ridículo ou ser milionário? Eis a questão

É a sensação que temos tido com a internet. Nós, que temos plena consciência de que a gente pode construir patrimônio com seriedade e discrição, por vezes nos pegamos pensando se o futuro será isto ou aquilo, o ser ridículo ou o ser milionário.

Tento a todo custo revisitar esses pensamentos, mas a cada lançamento de curso online envelopado por “minicurso gratuito e segredos na caixa secreta da ilha no Sul da Espanha” ou vídeo com conteúdo, digamos, físico e raso, me pego pensando: não é possível que eu seja a única a me questionar sobre isso! Indo ainda mais longe, buscamos nos fortalecer e olhar para os iguais, aqueles que também não estão dispostos a trocar a sua personalidade, sua essência e seus valores por engajamento e “ensaldamento”, neologismo que criamos para definir quem está disposto a vestir a capa do ridículo para ter o saldo milionário.

Nós queríamos conseguir montar estratégias de vendas de produtos que sabemos que não fazem sentido, nós queríamos conseguir postar fotos polêmicas, queríamos aceitar os publis que estão nos propondo, sermos heavy user da rede vizinha, chamar vocês de “meus publireviewers ou “meus tesourinhos”, mas falhamos miseravelmente toda vez que precisamos ser ou ao menos nos sentirmos ridículos. E tudo bem se isso nos custar 108 bolsas, 5 viagens internacionais por ano e uma casa de campo. Talvez a nossa missão seja descobrir uma forma de enriquecer sem ser pela força do que considero ridículo.

No fundo, esse texto é metade admiração por quem faz o que for preciso para enriquecer e metade desabafo da nossa teimosia em permanecer firme ao lado do que considero coerente. Tudo não terás, já disseram. Mas seguimos confiantes na expectativa de que o seu e o nosso trabalho duro, sério e preciso possam ser preciosos e prósperos sem passarem pelo ridículo. Não temos absolutamente nada contra quem escolhe o outro caminho, apenas rejeitamos a ideia que parece reinar na internet: aquela que a pessoa usa o waze, mas finge que sabe todas as ruas de cabeça. É que a gente não consegue mesmo fingir. Não nos chamem de mentores. Ainda estamos decidindo entre sermos ridículos ou sermos milionários.

Tagged: , , ,