Washington Olivetto – a morte de um dos publicitários mais premiados do mundo

Se publicidade tivesse nome próprio, seria Washington Olivetto. Eu costumo dizer, brincando, que alguns fatos relevantes ocorrem sábado ou domingo para mexer com os editores do Fantástico. Mas a verdade é que alguns desses fatos mexem conosco também. A partida de Olivetto é um deles.

Não em vão o nome deste veículo é PubliReview: publicidade é a nossa paixão e o publicitário foi fonte inesgotável de inspiração. Gênio indomável, de personalidade forte e genialidade mais forte ainda.

Do “Garoto Bombril” ao “Meu primeiro sutiã”, só para citar algumas das suas criações mais icônicas, chamava a atenção, para além da criatividade, a capacidade de emplacar virais desde antes deste termo sequer existir (e as redes sociais também).

Indo ainda mais longe, Olivetto tinha algo que me fazia admirá-lo intensamente: ele sabia exatamente quando aparecer, e sabia exatamente o que falar. Nunca se escondeu dos holofotes, mas nunca transbordou vaidade. Deu entrevistas inesquecíveis e sabia conduzir com maestria quando a sua obra brilhava e quando ele deveria fazê-lo. Escolhia a dedo as entrevistas, os eventos, os clientes. Coisa de gênio.

O publicitário fazia publicidade de verdade, raiz, com alma, narrativa, entretenimento, envolvimento. Eram muitos predicados em um só publicitário e uma combinação única de fatores só pode gerar resultados únicos. Originais e autorais, para ficar mais bonito, como ele merece.

Talvez 99% das pessoas não saiba, mas Olivetto provavelmente foi um dos publicitários mais premiados do mundo: salvo engano, tinha em casa mais de 50 Leões de Cannes. E se você acerta uma vez, você é bom. Se você acerta 50…talvez palavra alguma seja suficientemente fiel para comunicar o seu talento. Comunicar, aliás, era o que ele fazia de melhor. E provavelmente vai continuar fazendo, porque como já dissemos por aqui, gênio não morre, entra pra história.

Nos despedimos hoje – eu, você, os editores do Fantástico – de uma força da natureza em forma de pensador. Era um gol atrás do outro e ele sequer jogava. Gênio faz assim: coisas impossíveis de explicar.

A publicidade perde muito, mas a história ganha muito.